Risco de recidiva da esclerose múltipla não aumenta após o parto
Mulheres com esclerose múltipla (EM) não têm risco maior de recidivas logo após darem a luz, conforme previamente acreditava-se ocorrer. O estudo que chegou a esta conclusão também revelou que as mães com EM que amamentam seus bebês possuem risco menor de recidiva comparadas àquelas que não o fazem. Esta pesquisa foi apresentada durante o 71º Encontro da Anual da Academia Americana de Neurologia, que ocorreu em maio, nos EUA.
Os pesquisadores mostram-se animados com os resultados, indicando que as mulheres com EM podem ter filhos e amamentar sem enfrentar risco aumentado de recidivas no período de pós-parto.
Entre 375 mulheres com EM, 466 gestações foram identificadas nos bancos de dados, no período de 2008 a 2016. A equipe revisou os registros médicos das mães e dos bebes e conduziu pesquisas sobre histórico do tratamento, amamentação e recidivas. Os dados revelaram que 38% das pacientes não estavam sendo tratadas para EM no ano anterior à concepção. No início da gestação, 14,6% possuíam síndrome clinicamente isolada. No total, 8,4% das mulheres analisadas tiveram recidiva durante a gestação, enquanto 26,4% a apresentaram no ano subsequente ao parto. Os registros também demonstraram que 87% delas amamentaram, 35% amamentaram exclusivamente (o bebê recebeu somente leite materno durante dois meses ou mais) e 41,2% retomaram seu medicamento.
A taxa anualizada de surtos (ARR) declinou de 0,39 antes da gestação para 0,07-0,14 após a mesma. Não se observou “rebote” na atividade da doença após o parto. A ARR reduziu discretamente no primeiro trimestre pós-parto (0,27), mas retomou ao mesmo nível da gestação de 4 a 6 meses após o nascimento (0,37). Tais achados permaneceram os mesmos após se considerar fatores que poderiam afetar a ARR, como a gravidade da doença antes da gravidez.
Das 167 mulheres que amamentaram exclusivamente, 46 retomaram seu tratamento com a droga modificadora da doença (DMD) durante a amamentação.
Foram relatadas diversas recidivas associadas à interrupção destes tratamentos durante a gestação.
Referência
- Langer-Gould A, Smith J, Albers A, et al. Pregnancy-related Relapses in a Large, contemporary Multiple Sclerosis Cohort: No Increased Risk in the Postpartum Period. Disponível em: https://www.aan.com/PressRoom/Home/GetDigitalAsset/12898. Acesso em: mar. 2019.
Revista NeuroExperts
Número 11 – Outubro 2019